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Drogas, limites e algumas balas-perdidas
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Poucas coisas produzem tantos sentidos para definir o nosso tempo como essa guerra nas ruas do Rio de Janeiro e outros becos do Brasil. Leio nos jornais que a bala-perdida que acertou a estudante Luciana Novaes, na Universidade Estácio de Sá, partiu do pátio aonde todo mundo se encontra na hora do recreio para lanches, conversas e paqueras. E o que é pior, houve fraude no sistema de segurança, parece que o tiro partiu da arma de um policial, e o resultado vai depender das investigações da polícia carioca. Pzzz!
As estatísticas
no mundo variam, e no Brasil quase não existem pesquisas, mas a
maioria dos usuários de drogas administram as coisas de forma recreativa
e necessitam apenas de informação e algumas regras para
manter-se na linha. Tomar um táxi depois da festinha, no caso do
álcool, reduziria consideravelmente o número de acidentes
e prejuízos. No caso da maconha
e da cocaína as coisas pioram, pois o seu uso é crime e
tudo pode acabar numa delegacia. Ou na mão de policiais corruptos
e traficantes sem escrúpulos. Canadá, Inglaterra, Espanha
e Portugal, entre outros países, depois de questionar os resultados
dos modelos repressivos no combate ao uso de drogas, modificaram suas
leis e iniciaram processos de discussão que apontam para a redução
de danos e o melhor endereçamento das políticas públicas.
No Brasil, vale questionar qual será o papel dos estudantes, escolas e universidades nessa discussão. A situação é complexa, o problema é grande, e parece óbvio que não adianta apenas colocar grades, câmeras de segurança e policiais armados para resolver essa encrenca. Difícil é saber por onde começar, mas é preciso fazer isso logo, evitando preconceitos, apologias e outros papinhos-furados que costumam rondar essas conversas. mauro dahmer. revista MTV jun/03 |