BIOGRAFIA
Nascido em Porto Alegre, Realcino Lima Filho ou Nenê como é conhecido,
começou a tirar seus primeiros sons de um pequeno pandeiro de plástico,
daqueles de brinquedo, o que foi incentivado por seus pais, bom vivants
e amantes da música. Então o menino passou a acompanhar seu pai em festas,
sempre acompanhado de seu pandeirozinho. Dado algum tempo o pai decidiu
que o pandeiro não iria levar o menino muito longe e como bom gaúcho,
comprou-lhe um acordeom e o fez estudar. A princípio não gostava do instrumento
passando a se interessar por ele ao ouvir Breno Sauer e Canela, no rádio.
Por volta dos quinze anos de idade entrou para um grupo de música regional
que tocava em bailes, programas de tv e na zona. O grupo era muito bem
organizado e cada integrante se encarregava de uma tarefa, instrumentos,
roupas de apresentação, contatos. Quando a banda se desfez, Nenê que já
estava de olho na bateria, na hora da partilha conseguiu o que queria.
Passou a estudar freneticamente a bateria e uns dois anos mais tarde partiu
para São Paulo acompanhado de um contrabaixista e o pianista Cidinho,
hoje radicado em Nova Iorque. Com a dissolução do trio e as contas da
pensão na Rua Aurora atrasadas, decidiu acompanhar o guitarrista Almir
Stockler, o Alemão, tocando piano, na boate Black and White. Nenê que
já havia estudado piano amadoristicamente, mas jamais tinha se apresentado.
Entre os diversos trabalho em boates, conheceu o pianista Aloízio Pontes,
com quem aprendeu muito de piano e jazz. Foi ele também quem apresentou
Nenê ao Hermeto Pascoal. Com a ida de Airto Moreira, então baterista do
Quarteto Novo, para os Estados Unidos, Nenê se candidatou à vaga. Hermeto
lhe deu a sacola de percussão do Airto e um disco do Quarteto. Nenê foi
para seu quarto na pensão e varou a noite tirando as músicas do disco
até a hora da audição no dia seguinte. Com todas as músicas decoradas,
Nenê foi imediatamente aceito, passando a integrar o histórico quarteto.
Com a dissolução do quarteto, Nenê voltou a tocar na noite e um dos grupos
que integrava passou a fazer sucesso recebendo um convite para apresentar-se
no Japão. Pouco antes de partir encontrou mais uma vez Hermeto que o convidou
a entrar para seu novo grupo. Imediatamente ligou para o empresário do
grupo e depois de muita discussão acabou convencendo-o a não levá-lo para
o Japão. Mudou-se para o Jabur, no Rio, onde morava Hermeto, para entrar
na rotina de oito ou mais horas diárias de ensaio. Com o mestre, gravou
dois discos antológicos, Zabumbê-bum-a e Hermeto Pascoal ao vivo em Montreux,
excursionando pela América Latina, Europa e Ásia. Dois anos mais tarde
é convidado por Egberto Gismonti a integrar sua Academia de Danças. No
mesmo ano viaja para Europa para gravar o álbum de Egberto, Sanfona, lançado
pelo selo ECM. Participou da turnê de divulgação do disco, apresentando-se
em 45 países, sendo o último show em Paris onde instalou-se e viveu pelos
próximos doze anos. Lá grava seu primeiro álbum Bugre eleito pela conceituada
revista francesa JazzHot como um dos dez melhores discos do ano. Fato
que lhe abriu portas e conquistou o respeito dos franceses levando-o a
tocar com os músicos mais representativos daquele país. Lá escreveu também
um livro completo de ritmos brasileiros para bateria, lançado na França
pela editora Zurfluh. Na Europa participou de diversos trabalhos que incluem
um convite para compor, arranjar e reger a Orquestra Nacional de Jazz
da Dinamarca, com transmissão ao vivo pela rádio estatal, até a gravação
de uma trilha sonora ao lado do guitarrista suíço Vinz Vonlathan. Em suas
visitas ao Brasil tocava arranjava e compunha para o grupo Pau Brasil,
junto com o qual compôs e apresentou a Ópera dos Quinhentos Anos, em comemoração
à descoberta da América. Nenê já deu algumas voltas ao mundo, acompanhado
de formações de dar água na boca. Com suas próprias formações multinacionais
(formada por músicos brasileiros, dinamarqueses, franceses) em trio ao
lado de Hermeto ao piano e Arismar do Espírito Santo no contrabaixo, com
Elis Regina, Milton Nascimento, e um quarteto formado por ele, Egberto
Gismonti, Charlie Haden e o famoso guitarrista francês Michel Portal.
Atualmente vem apresentando as músicas do álbum, Ogã , em que constam composições suas dedicadas à Itiberê, Airto, Moacir Santos e Egberto Gismonti.