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transp_1x1 (1K) Guaritas
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Guaritas?

Há alguns anos atrás, em minhas caminhadas por Porto Alegre, passei a colecionar imagens de guaritas para seguranças espalhadas pela cidade. Essas construções mínimas permitem o abrigo de um ou dois adultos em pé ou sentados, a caracterização de espaço para trabalho fica evidenciada pela configuração vertical e estreita, que não comporta um adulto deitado. Vejo-as como casas nas quais não é possível dormir, ou seriam caixas que demarcam territórios?

Detenho meu olhar nas singularidades impressas nas guaritas pelo uso e pelo tempo. As marcas do uso, do cuidado, ou do desleixo ali depositados são a matéria que quero destacar. De alguma forma, as guaritas são demarcações que dizem respeito a uma certa coletividade, para mantê-las é preciso uma organização no quarteirão onde estão situadas. Um grupo de moradores as mantêm, assim como aos vigias que as habitam, dessa forma, talvez possam ser vistas como vestígios das preocupações territoriais com a segurança coletiva e/ou com o abrigo do segurança.

O meu processo de observação e registro fotográfico das guaritas urbanas de Porto Alegre iniciou-se como um documento de trabalho para as instalações que criei entre 98 – 2001, nomeadas Cabines para Isolamento e, desde então, venho desenvolvendo essa coleta de imagens. O registro fotográfico é apenas uma etapa. Fazem parte do processo as centenas de deslocamentos pela cidade, nos quais registro mentalmente o encontro com uma guarita que me interesse, certamente passo por ela, ao acaso, dezenas de vezes antes de fotografá-la. Depois, continuo a observar suas mudanças e, em alguns casos, o seu desaparecimento.

As guaritas poderão ser uma espécie de índice dos territórios que demarcam? Nelas também está impresso o ritmo de mudanças da cidade?

Um olhar turístico

Em um percurso partindo do bairro onde resido – Jardim Botânico – pode-se encontrar as guaritas com uma certa regularidade a cada três quadras. Acredito que a maioria possua uns dez anos, são feitas de compensado de madeira, medindo aproximadamente 2mx1mx1m, possuem uma porta e janelas em todos os lados. O desgaste do material que as constitui é evidente, constato que, em sua precariedade, só é possível abrigar-se da chuva. Existem também as guaritas moldadas em fibra de vidro, que são mais recentes e, por serem tão homogêneas, não fazem parte do meu recorte.

Pode-se encontrar algumas raridades que parecem ser de outra época, como as sextavadas construídas em metal e com janelas em cada face, sua estrutura é menos precária e, no Jardim Botânico, há apenas uma, pelo formato da construção há uma melhor acolhida ao vigia no espaço interno, tem um balcão, estante, cabide. Atravessando a Ipiranga, há uma maior diversidade, muitas guaritas feitas com madeira compensada, algumas pintadas recentemente, as janelas são mais largas, encontram-se ali guaritas mais estreitas e feitas com folha de flandres, assim como também guaritas mais largas e uma circular pintada de cor de rosa. Já em outro bairro, na Floresta, as guaritas que parecem ser de outro período são mais austeras, circulares, feitas em metal, suas portas têm a metade da altura e não possuem janelas, somente, visores estreitos seguindo todo o diâmetro.

Poderia continuar assim enumerando uma série de impressões formais sobre as guaritas de diversos bairros, mas é melhor vê-las e, certamente, este olhar deverá ser confrontado com as diferenças que possuem ao serem habitadas, com o depoimento dos vigias e dos moradores. Por hora, o registro das guaritas ainda é parte de um processo de reflexões sobre minhas impressões sobre a cidade e os documentos de trabalho que organizo.


Elaine Tedesco

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